Semana passada, ao voltar de viagem, fui surpreendida com a seguinte pergunta de D. Maricota: - Mamãe, você é negra? Segundo ela, a escola está trabalhando o tema e todos nós somos brancos, índios, negros etc. O Sr. T era militante do movimento negro e só fui entender o que significava as políticas afirmativas depois de conviver com ele. Ele sempre dizia que D. Maricota poderia se reconhecer como negra dependendo do grau de inserção na cultura negra e do nível de aproximação dela com as questões étnicas, independente de sua aparência. O pensamento dele representava uma corrente do movimento negro que acredita que a questão da etnia está além da cor da pele (existem outras correntes não pensam assim). Obviamente, D. Maricota ainda era muito pequena para captar a dimensão das nossas discussões, mas quando uma criança de seis anos (que sequer sabe ler) reflete sobre a sua própria cor e a sua herança étnica, podemos ter esperança de um futuro melhor.
- Mamãe, você é negra?
- Ahn, hum, ahn... Não, filha, não sou.
- Você sabia que todos nós somos negros, brancos e índios?
- É mesmo?
- É sim! E você sabia que eu posso escolher ser negra? Porque papai era negro, não era? Então, eu também posso ser negra!
Ah, como o Sr. T ficaria feliz em ouvir esse discurso da sua filha querida!
Ana,
ResponderExcluirPenso, embora não tenha conhecido o Sr.T, com certeza se encheria de orgulho; Pois só o fato dela procurar sua identificação étnica é motivo pra comemorar, tendo em vista, que nosso país é repleto de preconceitos onde como diria Einstein:"É mais fácil, romper um átomo do que um preconceito". Maricota é autêntica e isso é um excelente começo.