Eu gosto de heróis. Gosto de homens heróis, daqueles que lutam pelo que acreditam e são tão fortes e corajosos que parecem saídos de contos de fadas. Reparem que eu não gosto de príncipes, eu gosto de heróis, não gosto dos que salvam a princesa, eu gosto daqueles que protegem o mundo. Pena que os heróis sejam tão raros... Hoje, os candidatos a herói se tornaram escravos do cotidiano, das coisas pequenas, de seus ternos finos e carros caros. Não acreditam em mais nada e, por não acreditarem em si mesmos, são apenas homens comuns. Eu conheci três heróis durante a minha vida toda: o Sr. Baba, o Sr. T e o Sr. L. Cada um com suas características especiais, todos eles salvaram a minha vida (pelo menos metaforicamente). O Sr. Baba foi o herói indestrutível com o rosto mais fofo do mundo e uma mão tão forte que virou lenda urbana na Refinaria de Duque de Caxias (dizem que ninguém era capaz de abrir um registro que tivesse sido fechado por ele). Era um herói que tropeçava, mas nunca tombava e custei a acreditar que vida pudesse ser finita nele. Foi a primeira pessoa próxima que eu perdi na minha vida e justamente na figura de pai. O Sr. T vocês já conhecem, um herói que tinha uma causa, um propósito na vida e foi fiel ao que acreditava até os seus últimos instantes. Ele me ensinou a essência da vida, me fez rir quase todos os dias durante o tempo em que convivemos, me ensinou a controlar a minha ira e amar as pessoas incondicionalmente. É um herói do bem no sentido mais fiel da palavra. O Sr. L é uma espécie de anti-herói porque ele mesmo não se reconhece como herói. É capaz de cuidar das pessoas, ser generoso e realmente se desconstruir todos os dias para ser uma pessoa melhor, afugentando todos os seus fantasmas em busca da felicidade. Ele me salvou deu uma tristeza tão imensa que estava corroendo a minha alma, me fez sair do quarto escuro e voltar a se alguém. Nenhum dos três está mais na minha vida hoje, lamento todos os dias por todos eles e lamento por mim. Volto para os livros e me distraio com os meus heróis preferidos, Capitão Rodrigo, Stark, Aragorn... Na verdade, apesar de amar tanto esses heróis e reconhecer a importância de cada um deles, eu sei que na aventura da minha vida só existe uma grande heroína: eu!
Dois anos, oito horas e quarenta e quatro minutos. Mas ninguém está contando, não é mesmo?