sábado, 9 de junho de 2012

As resoluções de Dona Maricota

Dona Maricota está com dificuldades para aprender a ler, mas estamos todos empenhados em fazer com que ela supere os obstáculos e ganhe autonomia no seu processo de aprendizagem. Mamãe acha que ela perdeu um bom tempo em relação aos seus colegas enquanto tentava processar os acontecimentos em sua vida. Estava fisicamente presente na escola, mas a cabeça pairava em outros lugares. Uma das coisas que mais me surpreendeu nela foi o fato de que ela se tornou insegura. Ficou com medo de tudo, aranhas, formigueiros, siri na praia, ondas do mar, barulhos, trovão... Superar os medos não tem sido um processo fácil e tenho a impressão de que a hora que ela recuperar a coragem perdida, as questões cognitivas também vão se resolver. Nas últimas semanas ela tomou algumas decisões importantes por sua própria iniciativa. Convidou uma amiga para passar o dia aqui em casa, combinou com a mãe da menina, organizou a programação e só me comunicou o seu planejamento com um ar de "não estrague tudo, por favor". Deu tudo certo e ela ficou muito mais feliz e segura. Resolveu que queria sair da natação e começou a fazer aulas de judô na escola. Eu tinha certeza que seria um desastre porque ela é muito frágil, mas a professora achou ótimo e todo mundo na escola apoiou. Agora ela quer estudar inglês, só fala nisso e conta os dias para começar as aulas. Eu continuo observando de perto, comprando jogos de palavras para que ela exercite a leitura, contando histórias e ajudando no que eu posso. Entre a angústia e as certezas, vamos caminhando um pouco mais devagar do que eu gostaria, mas com tranquilidade de quem quer acertar sempre. Ela tem uma grande habilidade na cozinha, ontem ela fez um pavê delicioso praticamente sozinha e ficou muito orgulhosa com o resultado. São essas pequenas coisas da vida que nos proporcionam uma felicidade imensa e deveriam ser registradas e resgatadas pelo resto de nossa existência.

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