As rupturas definitivas nos relacionamentos só são percebidas de imediato no caso da morte. Neste caso, não existe esperança, não existe tentativa, não existe futuro... Quando um relacionamento é interrompido com a morte, as memórias são selecionadas, as mais dolorosas são apagadas e com o tempo ficam só as lembranças positivas misturadas com a saudade do outro. Parece um paradoxo, mas a ruptura definitiva da morte pode fazer com que a pessoa querida permaneça para sempre na lembrança. Entretanto, eu estou pensando nas rupturas dos vivos e não apenas nos relacionamentos de casal, mas em todos os tipos de relacionamento: amigos, pais e filhos, irmãos etc. As rupturas provocadas por brigas, decepções e mágoas são muito doloridas no começo, mas sempre se tem o atenuante do futuro. Neste tipo de ruptura, sempre temos o desejo da cartase, do momento no qual as coisas podem se ajustar e tudo voltar a ser como antes. É a expectativa da reconciliação que atua como um bálsamo ou como uma forma de tortura para quem sofre mais com a separação. E aqui temos uma situação interessante, continuar convivendo com a pessoa pode ser muito mais doloroso do que o afastamento completo. Vejo pessoas que usam o afastamento como vingança e acreditam que o outro está sofrendo por isso, mas a ausência pode ser muito benéfica porque o sentimento de falta, a saudade e até mesmo o exercício do amor pode ser muito mais um hábito do que uma necessidade real. A realidade dura da vida mostra que em condições normais, qualquer vazio pode ser preenchido e que ninguém é mesmo insubstituível. Assim, a interrupção do convívio está longe de ser uma tortura, em muitos casos é, sobretudo, um grande alívio!
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