Eu tenho uma relação muito especial com livros, sempre tive um espaço especial na minha casa para eles, gosto de reler os meus preferidos infinitas vezes e sofro quando eles estão tão velhinhos que não aguentam sequer uma folheada. Entretanto, não sou ciumenta com eles, gosto de emprestar, acho muito importante que eles circulem. O Sr. T tinha vários livros e eu incorporei os títulos mais generalistas na minha estante, mas o que fazer com os livros específicos sobre teatro? No começo do ano passado, prometi ao meu colega de departamento (que é professor de Arte e Educação) que daria os livros do Sr. T para ele. Ele ficou honrado pois conhecia o Sr. T e assim como eu, adora livros. Treze meses depois, quem disse que eu consegui me desfazer dos livros? Eles continuavam lá no quartinho, encaixotados, esperando que eu tivesse coragem de me desfazer deles. Toda vez que eu encontrava com o Professor M. nos corredores da Universidade, ele me perguntava: - E os meus livros?Você desistiu de dar os livros para mim? Como explicar que eu sou uma covarde, uma ratinha inútil que não consegue elaborar algo tão simples como me desfazer de livros? Na sexta-feira passada eu não aguentei mais: sentei no chão do quartinho, conferi os livros um por um para levá-los para a Universidade. Cada vez que eu pegava em cada livro, lia os títulos e encontrava algum papel ou anotação dentro deles, meu coração batia tão forte e pesado que parecia que eu estava morrendo por dentro. Terminei de organizar a caixa de livros aos prantos e eu só conseguia pensar que o tempo não cura absolutamente nada! Ele apenas nos entorpece, nos faz esquecer, embota as nossas memórias para que a dor da perda fique em estado latente. Basta acontecer alguma coisa que acione as memórias relacionadas com a perda para que a dor apareça novamente. Forte, poderosa, devastadora... Quando isso acontece, sempre me sinto enganada pelas pessoas que dizem que a dor passa e que tudo vai acabar bem.Bom, mas como dizem por aí: o que não mata, fortalece!
Sei que não pediu minha opinião,mas vou dar mesmo assim.
ResponderExcluirPenso que deves guardar e cuidar sempre que for preciso. Emprestar sim, doar não. Não é por apego material, sempre falo que livros são companheiros eternos em diversos estados e estágios da vida. Nunca se sabe quando precisar deles. Eu por exemplo tenho inúmeros e não consigo me separar deles. Sinto falta, releio.
Uma dica: podes lembrar de sua orientanda que abandonou o teatro em nome de um amor, mas que não consegue se livrar das literaturas teatrais....faz uma lista e empresta pra ela se deliciar.. disseminar conhecimento a partir do empréstimo(sem ser bibliotecária) pode ser um caminho interessante; o que achas?
Beijos e muita luz em teus dias..