Agosto é um mês complicado, dia dos pais, aniversário de Dona Maricota, lembranças, lembranças e mais lembranças... Definitivamente, Dona Maricota parece ter encontrado um caminho para superar a sua própra tristeza e se divertiu bastante com as comemorações do seu aniversário. A festa foi na escola, mas no sábado tivemos um bolo em casa. O tema do bolo foi o livro "O Carteiro Chegou", a mais nova obsessão literária de D. Maricota. Os irmãos vieram, os primos, os vizinhos, a casa ficou bagunçada, as crianças tiveram dor de barriga por causa do consumo excessivo de porcarias e eu, como sempre, amaldiçoei as festas infantis do universo por três gerações.
Na continuação das comemorações, fomos visitar a mãe do Sr. T ontem. Foi muito doloroso ver D. Linda tão frágil, pequenina e, como sempre, comovida com a presença da neta querida, lembrança viva do seu filho preferido. Como sempre, ela costurou um vestido lindinho para D. Maricota e combinou de ir nos visitar no fim de semana levando a máquina de costura para fazer muitos vestidos com a ajuda da neta. Nem preciso descrever o sorrisão de D. Maricota ao se imaginar pilotando uma máquina de costura... Ontem, já no fim da visita, ela quis saber se D. Maricota ainda fala no pai, se faz perguntas ou se tem lembranças.
- Todos os dias, repondi. O bom é que a dor quase desapareceu e ela só fala das lembranças boas. Então, ela me disse uma coisa que doeu fundo no meu coração:
- Eu rezo todos os dias por ela porque de todos, foi ela quem mais sofreu com a perda do pai. E o pior de tudo: sofreu calada!
Sim, Dona Linda tem razão. Todos nós somos adultos e suportamos o revés da vida com a nossa bagagem estruturada em anos de experiência, conhecimento e resignação. Dona Maricota perdeu o seu "papaizinha" sem sequer entender como ou porque. Ela voltou a rir, mas procura entender todos os dias porque sofreu essa perda. E é por isso mesmo que eu continuo achando a vida muito injusta...
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