May e Max é uma animação stop motion com uma história repleta de melancolia, mas tão real que é possível sentir um aperto no peito com a coragem do roteirista. "O filme acompanha dois personagens solitários, cujas vidas se cruzam pelo maior dos acasos: uma página aleatória aberta em uma lista telefônica. Motivada por uma dúvida infantil, a australiana Mary Daisy Dinkle, 8 anos, decide escrever ao nova-iorquino Max Jerry Horowitz, 44 anos. Junto à carta, alguns desenhos, uma barra de chocolate e a dúvida: "de onde vêm os bebês nos Estados Unidos". A correspondência inocente muda a vida de ambos para sempre, iniciando uma história que transcorre por mais de uma década". Não tem final feliz, os protagonistas são feios e a vida deles é um desalento só. E o mais perturbador? É assim mesmo que a vida é! Fiquei refletindo sobre como a nossa vida é uma compilação de momentos felizes que são pontuais, limitados e nem sempre recorrentes. Não andamos nas nuvens o tempo inteiro, não enxergamos cores vibrantes ou o calor do mundo em cada detalhe do nosso cotidiano. Passamos a maior parte do tempo fazendo coisas que não gostamos, em lugares que não queríamos estar enquanto sonhamos com aquele momento mágico de diversão ou descanso. Imaginamos um futuro pleno e repleto de felicidade enquanto vivemos o presente repetitivo e insosso. Invariavelmente, somos nós mesmos que sabotamos a nossa possibilidade de ser feliz, seja porque acreditamos no que a mídia nos diz sobre a felicidade ou porque não conseguimos domar o nosso caráter e ser fiel aos nossos desejos e promessas. Seja como for, Mary e Max é um relato singelo de nossas próprias reflexões e a falta de coragem em assumir o que realmente nos torna feliz.
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