Quando eu tinha dezesseis anos, viajei nas férias de verão para a casa de praia de uma grande amiga. Durante as férias, eu conheci o bisavô da minha amiga, um velhinho bacana que vivia cercado de livros e por isso mesmo era considerado maluco pelo resto da família. Ele adorava filosofia, conversou muito conosco sobre Platão e as almas gêmeas (quando Zeus dividiu os homens e tornou o propósito da nossa vida encontrar a alma gêmea). Até aqui, tudo normal, se é que podemos considerar normal um senhor de quase noventa anos conversar sobre filosofia com duas adolescentes. Quando estávamos nos despedindo, ele me puxou para o canto da sala e disse muito sério: - Não adianta insistir com a metade errada, se você não encontrar a sua alma gêmea, as peças sempre vão ficar arranhando e nunca vão se encaixar! Naquele momento percebi que o bom velhinho era doido varrido mesmo, fui embora e esqueci a história. Quando encontrei o Sr. T, ele me contou a história de Platão novamente (não podemos esquecer que a formação do Sr. T era em direção teatral) e disse ter certeza de que tinha encontrado a outra metade. Ele tinha tanta certeza disso que quando eu brigava com ele e dizia para arrumar outra pessoa, ele sempre me respondia com um olhar triste: - Eu não vou encontrar outra pessoa, eu já encontrei e você é a minha última oportunidade de ser feliz. Não, gente, eu não estou exagerando, ele dizia isso mesmo! Exatamente como o bisavô disse, eu fiquei anos a fio "arranhando" com a metade errada e, por isso mesmo, tenho certeza de que encontrei mesmo a minha outra metade. Apesar da tristeza de não ter mais a sua presença ao meu lado, sinto um enorme alívio por ter tido a oportunidade de encontrá-lo. Afinal, a minha busca terminou!
Lindo. E só.
ResponderExcluirUm bjo, Ana.