É um desafio morar em uma cidade diferente da que você cresceu, os referenciais e a orientação no espaço urbano é sempre meio estrangeira. Mesmo quando a cidade tem uma estrutura fácil para o deslocamento, os nomes das ruas e os acessos não estão na sua memória como deveriam. O que fazer então? Perguntar para quem sabe e, no meu caso, o nativo costumava estar ao meu lado, com a grande vantagem de que ele sabia quais eram as minhas referências e descrevia o trajeto a partir delas. Nada me irrita mais do que uma pessoa quer quer ensinar um caminho e fica perguntando: conhece isso, sabe aquilo? Ora, se eu soubesse não estaria perguntando! Não preciso dizer que tenho andado em palpos de aranha quando preciso me deslocar para um endereço desconhecido. Perto da onde? Qual é o melhor caminho? Em que altura fica? A primeira solução que encontrei para o problema foi mudar de cidade, mas percebi que era uma medida meio desesperada e optei por um GPS. Ah, a tecnologia... Bom, pode ser que eu seja rebelde, mas é meio irritante ouvir ordens o tempo todo: dobre aqui, diminua, retorne etc. Sem falar nas medidas, trezentos metros, mil metros... Eu sei lá qual é a distância que corresponde aos mil metros? Ao dirigir ouvindo as ordens e contra-ordens, lembrei de uma brincadeira do Sr. T com Dona Maricota no shopping. Toda vez que nós entrávamos, a máquina do estacionamento começava aquele discurso "bem vindo, retire o seu ticket" e o Sr. T respondia fazendo grunhidos e resmungos. D. Maricota sempre gargalhava diante do diálogo maluco e quando ele esquecia de fazer a brincadeira, ela sempre lembrava: - Papai, fala com a máquina! Fiquei rindo sozinha no carro ao pensar nas doces palavras que ele certamente diria para o meu autoritário GPS!
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