Ser criança significa ter o futuro pela frente e todos nós já construímos castelos no ar. Eu sonhava em ser bailarina, professora, cientista, feiticeira e exploradora (é incrível como as crianças só pensam em coisas legais, criança que diz que quer ser milionário quando crescer está reproduzindo as conversas dos adultos). Considerando o alto nível de imaginação de uma criança, a minha realidade de adulta não foi tão ruim assim, pois consegui ser pelo menos uma das opções dos meus sonhos. Quando você entra para a faculdade, várias profissões idealizadas quando criança são descartadas. Não dá para ser advogado/bombeiro ou médico/astronauta. Bom, já na faculdade com vinte e poucos anos, você sonha em ser o tampa da profissão, imagina uma carreira de sucesso e que será uma referência na área (daí a realidade do estágio na qual várias pessoas gritam com você e te chamam de tapada o dia inteiro faz você cair na real). Mas tudo bem, se não deu para ser o super profissional do século, ainda resta o sonho de encontrar o príncipe encantado. Dez anos depois, o príncipe virou sapo e com um pouco mais de condições de enfrentar o mercado de trabalho, você vai à luta. Afinal, está com trinta e poucos anos e todo mundo sabe que as balzaquianas são um arraso profissionalmente e sexualmente (uau!). Algum tempo depois você continua dando o sangue no trabalho, subindo na carreira e encontra um novo amor. Legal, já é mesmo tempo de se acomodar, se dedicar ao verdadeiro amor e aproveitar mais a vida. Segundo casamento, filhos, novos lugares e novos empregos. Você começa agora a sonhar com o futuro para colher os frutos do trabalho, imagina uma aposentadoria tranquila com um restaurante riponga em Pipa. Já escolheu o lugar, o menu e a decoração. Está só esperando o tempo passar, terminar de contribuir com a p* da previdência para, finalmente, aproveitar a vida. No interlúdio, você acorda um dia e está sozinha. Já tem mais de quarenta anos e já não sabe mais o que sonhar. Já foram tantos sonhos roubados que fica difícil construir os castelos de novo. Bate o desânimo e você descobre que fez uma opção errada quando era criança, se tivesse escolhido corretamente, todo o resto poderia ser consertado. Afinal, por que não escolheu ser feiticeira? Calma, nem tudo está perdido! Sabe-se lá se ainda dá tempo...
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