O meu livro preferido de Antoine de Saint-Exupéry (o autor do clássico O pequeno príncipe) é Terra dos homens. Assim como o autor - que foi piloto de correspondência na década de 1920 - eu também amo o deserto. Quando eu estava na universidade, fiz um trabalho lindo para a disciplina de Biogeografia sobre os desertos quentes e gelados do mundo. O deserto é um mistério porque nas condições mais improváveis, a vida surge de forma surpreendente e desafia os visitantes de um só dia. Enfrentar o deserto é como enfrentar um coração árido ou um amor pleno, é preciso ter coragem... "Você compreende, sem alimento, depois de três dias de marcha, meu coração não devia estar batendo com muita força... Pois em certo momento, quando eu progredia ao longo de uma encosta vertical, cavando buracos para enfiar as mãos, o coração me caiu em pane... Hesitou, deu uma batida... Uma batida estranha...Senti que se ele hesitasse um segundo mais seria o fim. Fiquei imóvel, escutando...Nunca - está ouvindo? - nunca, num avião, me senti tão preso ao ruído do motor como, naquele momento, às batidas do meu próprio coração. E eu lhe dizia: Vamos, força! Veja se bate mais... garanto-lhe que é um coração de boa qualidade. Hesitava, mas depois recomeçava, sempre... Se você soubesse como tive orgulho do meu coração!" Foi exatamente assim que eu me senti no último ano, no meio da aridez emocional da minha vida, eu pedia ao meu coração que continuasse a bater com força, que mantivesse o ritmo e não doesse tanto ao ponto de me deixar sem ar como sempre acontecia. Hoje, eu posso dizer tranquila: eu tenho tanto orgulho do meu coração!
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