O filme "A última ceia" é um dos filmes mais pesados que vi nos últimos anos que tratam a dor e a necessidade de continuar vivendo de forma crua e até mesmo cruel. A cena de sexo entre os protagonistas estabelece uma relação entre o sofrimento profundo do ser humano e o prazer, ao mesmo tempo cruel e libertador. Assim como o filme "Despedida em Las Vegas", os limites do ser humano, a sua desesperança e total opressão não suprimem o desejo de continuar vivendo e amando. Eu tenho uma história bem bonitinha sobre isso, do Sr. L e da Sra. B que é bastante emblemática nesse contexto. Apesar de se conhecerem há alguns anos, o seu encontro romântico aconteceu no cenário mais improvável: ele doente preparando-se para o pior e ela superando uma tragédia pessoal em sua vida. No contexto extremo das suas respectivas histórias, surgiu um sentimento maior que eles decidiram acreditar que era amor. Sim, acreditar no amor é também uma questão de escolha. Ele percebeu primeiro que ela o que estava acontecendo. Colocou um ponto final no casamento capenga de mais de vinte anos (!) - pausa para uma reflexão: como alguém fica tanto tempo em um relacionamento ruim? (não me perguntem, eu só posso relatar a história, mas não tenho mais detalhes) - e decidiu que ela era o seu amor. Ela foi mais arredia, desconfiada dos homens desde muito tempo atrás, custou a assimilar (e reconhecer) o que estava sentindo. Mas ele não se importava, ria das hesitações dela e acompanhava o seu medo de perto. Ela também não deu refresco e obrigou o coitado a discutir a relação intermináveis vezes, por horas a fio. E assim seguiram, "destornando" um ao outro... Na caminhada, fizeram uma viagem para fugir do mundo, se isolando de tudo e de todos com o intuito de descobrir o que realmente sentiam um pelo outro. Passaram alguns dias juntos e foi tudo tão perfeito que eles voltaram casados (metaforicamente, mas pelo menos com a intenção de viver debaixo do mesmo teto!). Os dois não são jovens, o futuro é incerto, mas a certeza deles sobre o que sentem é enorme. Ela diz que tudo o que quer para o futuro é estar com ele sem planos ou projetos e ele afirma que tudo o que quer é compartilhar as pequenas coisas do cotidiano. Quando ouço histórias como essa, penso nas hesitações mesquinhas e os medos que vivi a vida inteira. Daí, quero apenas um pouco da coragem dos dois para acreditar que todas as histórias merecem (e devem) ser vividas!
Olá Bee
ResponderExcluirQue bonitinha a historia do Sr. L e da Sra. B, mas o mais importante na historia deles foi descobrir que não importa a idade, a fase da sua vida ou qualquer outra coisa, mas que o amor ainda é a maior surpresa na vida das pessoas.
O amor com a sua fúria transformadora e revitalizante e capaz de mudar tudo, e descobrir ser capaz de amar novamente tão intensamente é maravilhoso. Os dias mágicos que eles passaram juntos somente reafirmaram o que eles lá no fundo já sabiam.
Mesmo com ainda todas as dificuldades que eles ainda tem de ser ver, estar junto, curtir as coisas simples do dia a dia na vida deles faz com que eles valorizem cada contato como se fosse o ultimo suspiro. Onde eles se consumam intensamente sem planos, metas ou qualquer coisa que os impeça de fazer aquilo que eles descobriram: Amar como se não houvesse amanha.
Poucas pessoas podem ter o prazer de dizer que amaram assim na vida, mas poucas pessoas tem os olhos abertos pra enxergar esse amor e principalmente estar pronto pra recebê-lo. Pra isso é preciso fechar os olhos e pular no vazio, na direção do incerto, das probabilidades negativas e acreditar que no fim o mais importante de tudo é o amor de um pelo outro.
Beijos
Robson Freire
O que mais me surpreende na história dos dois é que mesmo diante de todas as adversidades que eles vem encontrando no caminho, a certeza do amor é inabalável. Não existe hesitação, dúvida ou suspeita sobre o que eles sentem. A escolha já foi feita, só falta encontrar o caminho para concretizá-la. Talvez seja isso que falte no coração das pessoas, a determinação para fazer uma escolha e enfrentar todos os riscos que surgirão a partir dela.
ResponderExcluirBeijos,