Flynn Rider é o herói que "salva" Rapunzel da torre, em Enrolados. É também um ladrão, interesseiro, mentiroso, manipulador e cafajeste. Apesar da sua experiência e malandragem, nada do que ele faz tem influência sobre Rapunzel. Pelo contrário! Quem manobra a relação dos dois é ela, embora ele tente se aproveitar da inexperiência dela o tempo todo. Ele faz isso quando tenta convencê-la a voltar para a torre e não destruir a relação de confiança entre mãe e filha ou quando a leva ao "Patinho Fofo" para enfrentar os bandidos fedorentos e assustadores. Entretanto, ela sempre dá o troco, encontra uma saída e continua determinada a viver a sua aventura. Ela não desiste nem mesmo quando é manipulada pela mãe vilã (que afirma que Flynn Rider está apenas interessado na coroa e não em seus poucos atrativos). Na minha opinião, essa é a perspectiva mais cruel do filme: Rapunzel cresce ouvindo que não tem atrativos, que é desleixada, feia, frágil e incapaz de cuidar de si mesma. Ninguém acredita nela, nem a mãe vilã, nem Flynn Rider. Só ela acredita que pode mudar o seu próprio destino. Penso que o que mantém Rapunzel íntegra e acima de todas as ações perversas, é a sua generosidade e decisão de se doar sempre, independente das ações dos outros.Toda vez que alguém nos diz que o outro tem apenas interesse em nós e não sentimentos verdadeiros, nos sentimos um lixo. É como se fôssemos incapazes de inspirar amor em alguém, que tudo que temos é o dinheiro, posição ou algum tipo de barganha. Além de não ser capaz de despertar amor em alguém, a pessoa que está sendo usada é uma tapada (ou ingênua, que fofo!), incapaz de perceber que o outro não sente nada (porque a pessoa não merece!) e a engana descaradamente. A solução no filme é fazer com que Flynn Rider morra para salvar Rapunzel. Ao optar por morrer, ele expia a culpa de todas as suas ações negativas e torna-se, finalmente, um herói. Na vida real, ninguém coloca a própria vida em risco para salvar o outro. Então, só nos resta nos recolher em nós mesmos e escolher melhor as pessoas com as quais nos relacionamos.
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