A sociedade avalia a importância de quem morreu pelo nível econômico e social das pessoas que vão ao seu enterro. É um coisa meio maluca, uma espécie de homenagem às avessas, sabe? Afinal, para quem partiu e não levou literalmente nada, do que adianta a presença do Coronel Fulano de Tal? Conhecendo bem o Sr. T, sei que para ele só importaria as pessoas invisíveis e é sobre elas que eu quero falar. Não me interessa a presença dos vereadores, dos diretores de escola, ou mesmo as coroas de flores enviadas por deputados ou pelo próprio partido. O que me impressionou de verdade foi a presença do rapaz que vendia jornal em frente a padaria e que veio me consolar dizendo que nunca se importava quando o Sr. T não comprava os jornais porque ele sempre parava para conversar com ele. Ou a presença do travesti que concorreu a vereador com o Sr. T em 1996, com um slogan hilário do qual não me recordo agora. Ou os balconistas da padaria que estavam inconsoláveis e até hoje colocam biscoitinhos no pacote de pão para agradar a nossa filha. São essas presenças que eu faço questão de registrar e me lembrar sempre.
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