Assim que eu vim morar no nordeste, todos os finais de semana eu e o Sr. T saíamos para conhecer uma praia diferente. Como o litoral do Estado é extenso, dava para conhecer uma praia por dia, durante meses. Parecia que eu tinha encontrado o paraíso (não estou exagerando, os cariocas a-do-ram praia), os lugares eram maravilhosos, sem muvuca, estacionamento fácil, águas limpinhas e mornas. Seixas, Coqueirinho, Praia Bela, Gramame...até que chegamos em Tambaba. Uau, uma praia de naturismo na conservadora sociedade nordestina? Eu sempre provocava o Sr. T e os nossos diálogos eram muito maduros: - Você não tem coragem de encarar uma praia de nudismo! - Eu, é claro que tenho! Por mim, andaria pelado sempre! - Rá, então eu quero ver, duvido que você tenha coragem. - Eu vou! - Não vai, eu que vou! E assim seguimos por algumas semanas, até que resolvemos ir para a prova final. Chegamos em Tambaba, enrolamos um pouco do lado "familiar" (= pessoas vestidas) e subimos a trilha para a praia. Ao chegarmos lá em cima, um sujeito forte que tomava conta da entrada perguntou se íamos mesmo tirar a roupa (você não precisa tirar a roupa antes de chegar à praia, mas se passar daquele ponto, não pode chegar do outro lado vestido). Concordamos com as orientações e descemos as escadarias até chegar à praia. Fomos logo recebidos por uma espécie de guarda de naturismo, sem roupa, mas com um crachá pendurado no pescoço (uma das imagens mais insólitas e engraçadas que já vi até hoje). Não preciso nem dizer que até aquele momento, tanto eu esperava que o Sr. T desistisse, quanto ele pensava a mesma coisa. Turrões, fomos até o fim, só para provar quem era o mais fodão na história. Andamos na praia, vimos pessoas gordas, magras, novas, velhas, bonitas, horrorosas, até crianças (vestidas)! Depois de algumas horas, murchos e desapontados com a nossa aventura da coragem e liberação do nosso self, voltamos para casa. Para vocês terem uma ideia de como ficamos traumatizados com a experiência, nunca mais tocamos no assunto ou fizemos outra tentativa de ficar livre, leve e solto na natureza. Pelo menos, não com plateia cativa!
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