A reestruturação do cotidiano leva tempo para se consolidar, é um processo de adaptação lento e doloroso. Comprar menos comida, por exemplo, porque sempre sobra o que o outro comia com mais frequência e falta o que ele costumava comprar. A quantidade de café é um duelo diário, afinal, como fazer café para uma pessoa só sem que fique ralo demais ou forte como café de bêbado? A casa definitivamente está mais organizada, o Sr. T era quase um caso de polícia quando o assunto era arrumação. Agora, nada de papelada em cima da mesa, roupas espalhadas e sapatos jogados pela casa. É, a casa está mais arrumada (sonho de qualquer amiga dona-de-casa), mas é uma casa triste. Os finais de semana sempre são mais complicados, é impossível não perceber a ausência dele. Durante a semana a vida é corrida, aulas, reuniões, contas para pagar, mas nos finais de semana a ficha cai com força. A nossa rotina nos finais de semana era sempre a mesma: acordar mais tarde e decidir o que fazer, podia ser uma visita, um cinema, uma volta no shopping, ir para cozinha fazer um almoço especial... Programas básicos, sem nada de especial e que envolviam, essencialmente, estarmos juntos. Hoje encontrei uma supresa na varanda do apartamento. Quando a nossa filha nasceu há cinco anos atrás, compramos algumas plantas para colocar na varanda do apartamento, simulando uma espécie de jardim. Uma delas é uma espécie de lírio branco que floresceu apenas duas vezes durante esses cinco anos, mas hoje (!) desabrocharam duas flores lindas (sim, são as flores da foto). Podem me chamar de romântica, mas não pude deixar de imaginar que elas formavam um casal e na mesma hora lembrei da música do Ira! Se as flores fossem um recado do Sr. T para que eu acredite que tudo vai ficar bem, não poderia ter feito meu coração ficar mais feliz!
De todo o meu passado
Boas e más recordações
Quero viver meu presente
E lembrar tudo depois...
Nessa vida passageira
Eu sou eu, você é você
Isso é o que mais me agrada
Isso é o que me faz dizer...
Que vejo flores em você!...
Caríssima Ana, li este texto com comovida admiração...
ResponderExcluirMais que palavras, senti na pele a emoção desse relato. Seja feliz, querid'amiga!
Um abraço... Zé.
Zé,
ResponderExcluirMuito obrigada! O elogio do texto vindo de um poeta como você, é uma grande deferência para mim.
Beijos