sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Férias

Tenho aproveitado as minhas férias nos últimos dois anos para retornar aos locais onde passei a maior parte da minha vida, apresentando um pouco da minha história para D.Maricota. Vou em busca do conforto dos amigos queridos, da familiaridade dos lugares, de reviver os programas e as boas sensações que tive no passado. É quase uma volta no túnel do tempo e o ritmo frenético do Rio de Janeiro associado ao clima de veraneio da região dos Lagos, renovam as energias e reestruturam a minha alma. D. Maricota adora cada minuto, o avião, o ônibus, o táxi, os lugares, as comidas... Contrariando o senso comum, ela é uma dessas crianças raras que gosta de novidades, não reclama do desconforto da viagem e está sempre querendo saber/ver mais. Este ano inovamos (e ousamos) ainda mais: ela viajou para São Paulo com a madrinha (conheceu o bairro da Liberdade, andou de metrô, passeou na Rua Augusta etc.), morremos de calor no zoológico do Rio e congelamos nas águas geladas da Praia do Forte, em Cabo Frio. Percebi que a cada nova aventura que surgia para nós, D. Maricota ousava mais um pouco, ficava mais segura e mais feliz. O mais importante em nossa viagem foi a certeza de que D. Maricota inspira um amor enorme em todos. Se eu não segurasse a onda, ela teria sido adotada na hora! :)

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Emília, Emília...

O grande desafio, no final do ano passado, foi encarar a festa de fim de ano na escola de D. Maricota. Em dezembro de 2010, ela não participou da festa por razões óbvias. Acredito que ela viu fotos ou ouviu os comentários sobre o espetáculo durante o ano letivo em 2011, já que desde junho ela comentava sobre a sua participação na peça de fim de ano. D. Maricota parecia contrariada por não ter participado no ano anterior e estava disposta a reparar a sua ausência em grande estilo. Ensaiou todos os dias, ficou animada com o figurino e não parecia mesmo que poderia desistir no último minuto. Reuni o resto de coragem que ainda me sobrou no baú dos sentimentos esfacelados e enfrentei os percalços das festas escolares: tumulto, crianças descontroladas, figurinos com problemas, pais histéricos, professores cansados etc. Apenas para esclarecer: essa era a atribuição do Sr. T, tudo relacionado com escola, espetáculos, reuniões de pais, conversas com professores, interação com outros pais e crianças, era total e completa responsabilidade dele! Um observador desavisado poderia deduzir que eu era uma mãe de aluguel ou uma madrasta contrariada em agradar a enteada, tamanho era o meu distanciamento e desinteresse. Mas não fiquem com pena do Sr. T e nem façam julgamentos apressados: ele adorava isso!! Passava horas na escola, conversava com todo mundo, sabia o nome de todas as crianças de cor... Enfim, de todos os problemas (que eu conheço de cor depois de três filhas) o maior de todos foi o teatro lotado com temperaturas próximas ao verão do Senegal. Não encontramos lugar para sentar, o suor escorria nas minhas costas ao ponto do vestido ficar colado no corpo e passei as duas horas do espetáculo em pé, na lateral do teatro com uma péssima visão do palco. Todo o desconforto foi recompensado com a entrada de D. Maricota no palco, vestida de Emília para cantar o clássico "mas a partir do momento/Que aprendeu a andar/Emília tomou uma pílula/E tagarelou,tagarelou a falar/Tagarelou,tagarelou a falar... Como D. Maricota curtiu a sua performance!! Dançou, cantou e saiu do palco feliz da vida! Estava orgulhosa dela mesma, segura e feliz por ter participado do evento. Saí do teatro calorento e daquela situação que me lembrava tanto o Sr. T com o coração enorme. A satisfação de D. Maricota e a sua capacidade de seguir em frente foi um alento na minha vida...Sim, existe vida pós-morte: ela está na superação da dor dos que ficam!