sexta-feira, 26 de junho de 2015

A não tão divertida mente...

Fui assistir ontem Divertida Mente, a nova animação da Pixar. O filme é um primor,  não tanto por seus recursos visuais, mas, sobretudo, por suas reflexões complexas sobre as emoções, o funcionamento da mente e a dureza do amadurecimento. O filme retrata o amadurecimento de uma menina pré-adolescente, mas o fato é que amadurecemos várias vezes ao longo da vida e isso independe da idade. Fiquei sensibilizada ao ponto de sentir um nó na garganta com o "apagão" emocional da protagonista. Eu já escrevi sobre isso aqui no blog, muito mais apavorante do que sentir tristeza em alguns momentos da vida, é não sentir absolutamente nada e o filme mostra isso de forma bem sutil. A conclusão do filme é que a tristeza é bem-vinda porque é através dela que amadurecemos e mostramos aos outros o quanto precisamos de ajuda para superar um momento ruim. Entretanto, a grande dificuldade na vida é quando não conseguimos externar as nossas angústias ou ter consciência da nossa condição alterada. Não pedimos ajuda e não queremos ser ajudados porque "está tudo bem, sem problemas, estamos ótimos". O não reconhecimento (ou aceitação) da instabilidade emocional é perverso e afeta aos que se relacionam conosco nos mais diferentes níveis. Invariavelmente, nos sabotamos o tempo todo e, como consequência, sabotamos os outros também. Não queremos mudar a nossa vida porque estamos cansados demais ou não temos coragem suficiente para isso, mas invejamos quem o faz. Invejamos a felicidade do outro, o sucesso, o bem-estar, mas acima de tudo, invejamos o equilíbrio. Então, chegamos ao ponto crucial: podemos impor aos outros a nossa loucura? É correto enxergar apenas a loucura dos outros sem olhar o nosso próprio interior instável? O outro tem que aguentar tudo para sustentar o relacionamento? Penso que não... Li um texto interessante que afirma o seguinte: "Se o outro prefere ficar se sabotando, é problema dele. Se ele não quer se permitir viver uma experiência que seria completamente diferente de tudo o que ele já viveu antes, é problema dele. Você não tem nenhuma culpa ou responsabilidade pelas escolhas das outras pessoas, independentemente de quais sejam elas. Infelizmente, vivemos em uma geração de pessoas covardes, que se envolvem, mas depois ficam afastando os envolvimentos porque preferem ficar se escondendo atrás dos seus traumas. Eu já fiz isso, você também já deve ter feito. E sabe por que tanta gente faz isso? Porque é mais fácil ficar em uma zona de conforto de auto-piedade, reclamando que os traumas deixaram marcas ou dizendo “Ninguém me ama, ninguém me quer”. Mas tudo isso não é problema seu, amig@: é problema da pessoa. É problema dela se ela só se permite se apegar a sentimentos tão pequenos de mágoa, rancor, egoísmo e pena de si mesma". (Link para o texto completo aqui). Independente das alegorias textuais ou visuais que possamos fazer, a organização emocional é um processo interno, pode ser apoiado por outras pessoas, mas só pode ser alcançado através da escolha individual. Sendo assim, qualquer esforço para "iluminar" o outro, sempre será em vão e precisamos nos conformar com isso.