domingo, 30 de setembro de 2012

Mary e Max

May e Max é uma animação stop motion com uma história repleta de melancolia, mas tão real que é possível sentir um aperto no peito com a coragem do roteirista. "O filme acompanha dois personagens solitários, cujas vidas se cruzam pelo maior dos acasos: uma página aleatória aberta em uma lista telefônica. Motivada por uma dúvida infantil, a australiana Mary Daisy Dinkle, 8 anos, decide escrever ao nova-iorquino Max Jerry Horowitz, 44 anos. Junto à carta, alguns desenhos, uma barra de chocolate e a dúvida: "de onde vêm os bebês nos Estados Unidos". A correspondência inocente muda a vida de ambos para sempre, iniciando uma história que transcorre por mais de uma década". Não tem final feliz, os protagonistas são feios e a vida deles é um desalento só. E o mais perturbador? É assim mesmo que a vida é! Fiquei refletindo sobre como a nossa vida é uma compilação de momentos felizes que são pontuais, limitados e nem sempre recorrentes. Não andamos nas nuvens o tempo inteiro, não enxergamos cores vibrantes ou o calor do mundo em cada detalhe do nosso cotidiano. Passamos a maior parte do tempo fazendo coisas que não gostamos, em lugares que não queríamos estar enquanto sonhamos com aquele momento mágico de diversão ou descanso. Imaginamos um futuro pleno e repleto de felicidade enquanto vivemos o presente repetitivo e insosso. Invariavelmente, somos nós mesmos que sabotamos a nossa possibilidade de ser feliz, seja porque acreditamos no que a mídia nos diz sobre a felicidade ou porque não conseguimos domar o nosso caráter e ser fiel aos nossos desejos e promessas. Seja como for, Mary e Max é um relato singelo de nossas próprias reflexões e a falta de coragem em assumir o que realmente nos torna feliz.

sábado, 22 de setembro de 2012

O caso do sutiã verde rendado

O Sr. T frequentava um pequeno salão de beleza para fazer as suas tranças todo mês e era muito amigo da dona e da manicure. Por causa dele, eu comecei a frequentar o mesmo lugar e quando as duas se mudaram para trabalhar como funcionárias de um grande cabelereiro da cidade, eu acompanhei a mudança. Hoje, neste novo local, conversamos bastante sobre ele e nós três nos lembramos de uma história ótima sobre o meu ciúme e a comédia de erros que a vida pode ser. Como eu já contei aqui, o Sr. T tinha o costume de oferecer carona para muitas pessoas. Um dia, quando eu estava tirando as compras da mala do carro, encontrei um saco cheio de roupas.

- De quem são essas roupas? - perguntei.

- Ué, não sei. Não são suas? - ele respondeu distraído.

- Não, não são... - respondi enquanto tirava da sacola um vestido preto, algumas roupas de criança e uma bermuda.

- Então deve ser de alguém, provavelmente foi a minha mãe que esqueceu aí - disse ele distraído.

Exatamente naquele momento, eu retirei um sutiã verde rendado e lindíssimo de dentro da sacola.

- A sua mãe tem um sutiã desses? - falei já ficando com o pescoço vermelho e a voz alguns decibéis acima do normal.

Ele ficou visivelmente embaraçado e respondeu: - Rosângela! Deve ser de Rosângela! Semana passada eu dei carona para ela até a escola!

- Você está me dizendo que este sutiã é da sua irmã que é evangélica? É isso mesmo? Você realmente quer que eu acredite nisso?

- Mas eu não sei de quem é, oras! Se você não sabe, muito menos eu!- respondeu nervoso.

Bom, nem preciso dizer que eu rosnei durante semanas e o pobre Sr. T tomou o maior chá de abstinência sexual da história moderna. Meses depois, nós estávamos na cabelereira e ela de repente pergunta:

- T. você não encontrou uma sacola minha dentro do seu carro? Eu tenho quase certeza que perdi uma bolsa de roupas naquele dia que você me deu uma carona...

O Sr. T fez uma cara de alívio e disse: - Graças a Deus que você está dizendo isso! A sacola era sua! Viu, Ana? As roupas eram de Sara!

Eu, com a maior cara de bunda do planeta, ainda tentei colocar a história à prova:

- O sutiã verde é seu, q-u-e-r-i-d-a? - perguntei com a voz gélida.

- Mulher, eu pensei que tinha perdido o meu sutiã caríssimo! Foi presente de dia dos namorados do meu marido!

Enquanto isso, o Sr. T foi até o carro pegar a maldita sacola que foi examinada e avaliada por todos que estavam no salão. - O meu vestido, a bermuda de fulano... gritava Sara enquanto examinava cada peça de roupa perdida.

E o Sr. T: - É, Sara, nada como o tempo para fazer justiça com os inocentes...Você não imagina o inferno que eu vivi por causa dessa sacola de roupas!

Nem preciso dizer que depois que nós contamos a história, todo mundo caiu na gargalhada. Acho que estão rindo até hoje... Portanto, cremosas, quando vocês encontrarem um sutiã verde rendado perdido nas coisas do seu bofe, esgotem todas as possibilidades antes de dar um piti. Nada pior do que ficar com cara de tacho depois de uma comédia de erros como essa!