sábado, 12 de dezembro de 2015

Política

Não tenho a menor dúvida de que o Sr. T era um político brilhante. Muitas coisas que ele repetia constantemente poderiam ser aplicadas ao cenário atual. Ele tinha uma clareza incrível sobre o preconceito de classe no país e sobre como a política poderia transformar as pessoas e a sociedade. Sonhador? Talvez, mas seus sonhos eram coerentes e fundamentados em um pensamento estruturado. Eu me irritava muitas vezes com as suas análises, achava tudo um absurdo, duvidava do que ele dizia e alguns dias depois todo o cenário descrito por ele se confirmava. Eu ficava com cara de bunda, é claro! Ele costumava repetir que "na política, a roda grande passa dentro da roda pequena" ou "política é arte de juntar os inimigos, para juntar os amigos não precisamos de política". Não foram poucas as vezes em que ele me fez rir com histórias reais que pareciam sair de um programa de comédia: o vereador que segurava o seu paletó para que ele não votasse contra os interesses da maioria, o outro que pegou o pau da bandeira para acertar na cabeça do Sr. T durante uma sessão tumultuada na Câmara, as inúmeras manobras para evitar que ele subisse na tribuna, entre outros "causos" que me faziam duvidar da espécie humana. Traições, socos, brigas, mentiras, armações, articulações... Ele sabia tudo sobre todos e eu cansei de dizer que ele deveria ser um analista político, mas ele se recusava. Talvez ele acreditasse que o seu papel era de protagonista, nunca de espectador. Sem dúvida, se ele estivesse vivo compreenderia como poucos a perseguição das elites ao PT. Ele sabia que isso aconteceria e tenho certeza de que ele se espantaria muito com tanta letargia e punhos de renda com os quais os representantes do partido se apresentam diante da guerra declarada na qual vivemos hoje. Bom, eu acho que ele só não se espantaria com o fiasco da política local que tomou conta da cidade que ele tanto amava. Como disse o bêbado na porta da padaria um dia desses, "se juntar todos os políticos dessa porcaria de cidade, não dá meio Sr. T". Verdade, amigo, verdade...