domingo, 6 de outubro de 2013

A tal de felicidade...

Viver não é um exercício automático, repleto de tarefas diárias. Quem vive assim é apenas um autômato, alguém que reproduz os movimentos de uma pessoa, mas que não exerce a nossa principal condição humana: o livre arbítrio. Não que as pessoas façam isso conscientemente ou por maldade, em algum momento de nossas vidas, por diversas razões, abrimos mão dos nossos sonhos e esquecemos quem já fomos um dia. Sim, somos feitos de sonhos, desejos e aspirações e quando isso tudo deixa de existir, desistimos também de nossa condição humana. Um outro lado da moeda é a arrogância da imutabilidade. Pensamos que tudo será sempre eterno: a nossa estrutura familiar, a nossa casa, os nossos filhos, o nosso trabalho... Quando alguma coisa sai fora do nosso controle ou das nossas expectativas, nos vitimizamos e culpamos o destino (ou os outros) por nossas perdas. Não é preciso viver muito para perceber que a vida tem um pouco de tudo, menos imutabilidade. É só olhar para os últimos dez anos e contabilizar as amizades, as parcerias, os trajetos... Provavelmente metade disso deve ter mudado, pessoas trocaram de trabalho, de moradia, de marido, amizades que vão e vem, mais próximas ou menos próximas. Felizmente (ou não), a vida se encarrega de nos lembrar que tudo é imprevisível. Não existe cálculo, projeto, meta que resista ao imponderável! E lá estará você, começando do zero novamente, reconstruindo pedra por pedra o seu caminho. O recomeço faz parte da vida, da nossa essência, do que somos... O bom é que uma vez que aprendemos como as coisas funcionam, podemos olhar a vida com uma perspectiva diferente. Hoje eu não deixo de viver os momentos com toda a intensidade que eles merecem. Faço questão de cada abraço, cada palavra, cada momento, cada cafonice, cada sorriso, cada amizade, cada esperança... Eu respiro a vida em todos os seus elementos, sem medo e sem tristeza. Não existe mais o "apesar de". Viver assim me trouxe apenas dois sentimentos: o frio na barriga e a felicidade!