sábado, 1 de março de 2014

Rupturas (quase) definitivas

As rupturas definitivas nos relacionamentos só são percebidas de imediato no caso da morte. Neste caso, não existe esperança, não existe tentativa, não existe futuro... Quando um relacionamento é interrompido com a morte, as memórias são selecionadas, as mais dolorosas são apagadas e com o tempo ficam só as lembranças positivas misturadas com a saudade do outro. Parece um paradoxo, mas a ruptura definitiva da morte pode fazer com que a pessoa querida permaneça para sempre na lembrança. Entretanto, eu estou pensando nas rupturas dos vivos e não apenas nos relacionamentos de casal, mas em todos os tipos de relacionamento: amigos, pais e filhos, irmãos etc. As rupturas provocadas por brigas, decepções e mágoas são muito doloridas no começo, mas sempre se tem o atenuante do futuro. Neste tipo de ruptura, sempre temos o desejo da cartase, do momento no qual as coisas podem se ajustar e tudo voltar a ser como antes. É a expectativa da reconciliação que atua como um bálsamo ou como uma forma de tortura para quem sofre mais com a separação. E aqui temos uma situação interessante, continuar convivendo com a pessoa pode ser muito mais doloroso do que o afastamento completo. Vejo pessoas que usam o afastamento como vingança e acreditam que o outro está sofrendo por isso, mas a ausência pode ser muito benéfica porque o sentimento de falta, a saudade e até mesmo o exercício do amor pode ser muito mais um hábito do que uma necessidade real. A realidade dura da vida mostra que em condições normais, qualquer vazio pode ser preenchido e que ninguém é mesmo insubstituível. Assim, a interrupção do convívio está longe de ser uma tortura, em muitos casos é, sobretudo, um grande alívio!

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