domingo, 7 de setembro de 2014

As pessoas mudam?

Uma das coisas que mais aborrecia o Sr.T era quando as pessoas diziam que ele não seria capaz de mudar, como uma espécie de condenação eterna a repetir os seus próprios erros. É interessante que o Sr. T acreditasse tanto na mudança das pessoas porque ele mesmo parecia um dinossauro preso aos seus próprios princípios que não flexibilizaram um só milímetro desde que o conheci. Talvez ele acreditasse tanto no perdão e nas segundas chances da vida que estivesse convicto da necessidade de se acreditar na mudança do outro. Esse foi o maior gesto de generosidade que ele fez por mim, caminhou comigo acreditando que eu poderia deixar as dores do passado para trás e mudar a minha forma de interagir com o mundo. Entretanto, exitem outras formas de ver a questão, o Dr. House do famoso seriado costuma afirmar que people don't change com a convicção que a nossa essência não muda nunca, independente das circunstâncias. Eu não tenho a mesma certeza do Sr. T, mas tampouco sou tão radical quanto House. Acredito que as pessoas podem mudar sim, desde que algo interno provoque essa mudança e ela sempre acontecerá lentamente, pois é um processo interno bastante doloroso que exige muito esforço e autoconhecimento. Pessoas não mudam pressionadas pelas circunstâncias, elas podem até simular a mudança durante um tempo para conseguir o que desejam, mas fatalmente voltarão para a sua configuração original na primeira oportunidade. Não posso dizer que fui sempre a mesma pessoa, mudei muito ao longo da vida porque fiz uma revisão pessoal e metafísica da minha trajetória, mas essa é a minha experiência. Por isso mesmo não posso desacreditar de quem diz ter mudado, mas a minha filosofia é mais pragmática do que a do Sr. T (e muito menos generosa, evidentemente): primeiro me mostre o que mudou e depois eu reconfiguro o que penso de você!

Nenhum comentário:

Postar um comentário