domingo, 2 de novembro de 2014

O poeta preferido do Sr T: Maiakóvski

Um dia, quem sabe,

ela, que também gostava de bichos,

apareça numa alameda do zôo, sorridente,

tal como agora está no retrato sobre a mesa.

Ela é tão bela,

que, por certo, hão de ressuscitá-la.

Vosso Trigésimo Século ultrapassará o exame de mil nadas,

que dilaceravam o coração.

Então, de todo amor não terminado

seremos pagos em enumeráveis noites de estrelas.

Ressuscita-me,

nem que seja só porque te esperava

como um poeta,

repelindo o absurdo cotidiano!

Ressuscita-me,

nem que seja só por isso!

Ressuscita-me!

Quero viver até o fim o que me cabe!

Para que o amor não seja mais escravo de casamentos,

concupiscência, salários.

Para que, maldizendo os leitos,

saltando dos coxins,

o amor se vá pelo universo inteiro.

Para que o dia,

que o sofrimento degrada,

não vos seja chorado, mendigado.

E que, ao primeiro apelo:

─ Camaradas!

Atenta se volte a terra inteira.

Para viver livre dos nichos das casas.

Para que doravante a família seja:

o pai,

pelo menos o Universo;

a mãe,

pelo menos a Terra.

(Vladímir Maiakóvski)

Nenhum comentário:

Postar um comentário