sábado, 25 de setembro de 2010

Perguntas e escolhas

Eu já disse aqui que não existe nada de positivo na perda, mas se tem alguma coisa que estou aprendendo, é ter clareza nas minhas prioridades. Se as coisas importantes da minha vida estivessem representadas em uma pirâmide, ela agora estaria de cabeça para baixo. Trabalhei muito nos últimos quatro anos, eu tinha três empregos e saía de casa muito cedo, voltando sempre à noite. O trabalho era a minha lei, eu estava disponível sábados, domingos e feriados. Depois que emendei essa corrida frenética com o doutorado, tudo ficou pior. Agora, a minha casa é meu castelo, todas as minhas energias estão focadas em cuidar de Mariazinha e do espaço em que vivemos. O mundo continua seguindo e não faz a menor diferença o fato de eu não estar mais matando um leão por dia. Segunda-feira, ouvi a seguinte pergunta de uma colega de trabalho:


- Por que você não veio na reunião? Fulano precisava do nosso apoio, você tinha que estar lá para apoiá-lo!


Mais zen do que um monge budista diante de uma mandala, respondi:

-Fulano não precisa do meu apoio para nada. Quem precisa de apoio hoje sou eu e ainda preciso apoiar a minha filha. Por isso mesmo, não estou disponível para apoiar nada nem ninguém por um bom tempo. Não sei quanto tempo vai ser, portanto, é bom vocês se acostumarem com isso!


# Detalhe: eu não estava na tal reunião porque não era o meu dia de trabalho e Mariazinha passou o dia vomitando por causa de uma virose. Quando se tem duas pessoas para dividir a responsabilidade, é possível distribuir as crises domésticas, mas quando estamos sozinhos, é preciso fazer escolhas. Tenho certeza absoluta de que fiz a escolha certa.

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