sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Uma menina chamada Sofia

Mariazinha não queria ir à escola, inventava mil desculpas e eu fiz corpo mole pensando que ela estava com dificuldades em superar a perda do pai. Semana passada descobri que o motivo era outro: uma menina da sala dela está enciumada (provavelmente pelo excesso de atenção que ela vem recebendo nas últimas semanas) e resolveu sair no braço para extravasar a sua irritação. A menina é mesmo problemática, no final do ano passado quase foi convidada a não se matricular novamente, mas como a escola é zen e alternativa, resolveram trabalhar a agressividade da menina. Mariazinha sempre dizia que Sofia batia em todo mundo, mas quando perguntávamos se batia nela também, ela respondia: - Ela não me bate porque eu corro muito! Parece que correr não tem adiantado e a coisa tomou uma proporção tão grande que se ela entrar na escola e a menina estiver lá, ela não quer ficar. Ontem, ao buscar Mariazinha na escola, vi quando a menina partiu para cima dela com o corpanzil avantajado. Mariazinha se encolheu e correu na direção da professora, assustada. Olha, se não fosse a minha formação em educação pós-moderna, a minha coleção de diplomas, o respeito à diversidade e a compreensão infinita da natureza humana, eu teria dado um chilique!!! Mesmo sendo fina e tentando manter a calma, conversei com Mariazinha (na frente da professora) dizendo que se Sofia batesse nela novamente, ela deveria enfrentar a menina e avisar à professora. Esse foi o discurso direto, mas o discurso oculto pode ser resumido na seguinte frase: se for agredida novamente, encha a cara dessa menina de sopapos!!!

Um comentário:

  1. Uma vez Sr.T. me ensinou que devemos ser o Eu contra o Irmão, o EU e o Irmão contra o clã, o EU e o clã contra o mundo.
    Certa vez na escola impediram-me de entrar por causa da cor de minha calça, a escola exigia calça Jeans, mas não especificava a cor. Sr.T encarou o diretor nos olhos e perguntou: "Você quer que eu saia agora e compre uma lata de tinta pra pintar a calça dele? Ou melhor, compro logo um galão e pinto ele todo."
    O diretor assustado e sem jeito disse que não era necessário, mas naquele dia eu não poderia continuar na escola, acho que alguém não queria ficar com o EGO ferido.
    Sr. T. levantou da cadeira deu bom dia e mandou chamar meu outro irmão, "onde não cabe um, não cabe o outro" e fomos embora para casa.
    Posso não ter sido reprovado naquele ano, mas aprendi que acima de tudo temos que respeitar, amar e defender aqueles que não são iguais a nós e sim somos NÓS.

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