domingo, 5 de dezembro de 2010

Shrek e Fiona

Desde o começo do nosso relacionamento, o Sr. T sempre se comparava ao ogro Shrek e afirmava que eu era a sua princesa Fiona. Ele se achava desajeitado, bruto, feio, tosco e grosseirão. Inadequado seria a palavra mais correta e ela se aplicava aos dois. Afinal, o Sr. T pertencia ao movimento negro e eu sou uma branquela loira aguada. O Sr. T era inadequado para mim, tanto quanto eu era para ele e isso só comprova o quanto vivemos de estereótipos e ideias pré-concebidas. Ele era um militante petista, um homem envolvido com as bases e toda a sua verve estava direcionada para a luta de um bem comum. Parece muito poético tal e qual um poema de Maiakóvski, mas o Sr. T pagou um preço alto por pensar e agir assim. Tenho a impressão que eu fui uma espécie de interlúdio na vida do Sr.T, uma nota fora do compasso da orquestra e que serviu apenas para que ele fosse feliz por um instante. Ele sempre dizia que uma obra para ser arte não podia ter função, ela tinha que rigorosamente não servir para nada. Penso que eu também não tinha função, não fiz do Sr. T um grande homem, não o ajudei a construir nada, não fui o seu esteio ou a sua base. Eu apenas fiz o Sr. T feliz por um tempo. Pode parecer pouco para algumas pessoas, mas considero suficientemente bom para mim.

4 comentários:

  1. Puuuuuuuuuuuuuuuuxa, Sra. T... Que lindo!!! Que forte! Parece minha história de amor com o senhor Z (meu marido), um dia te conto...
    Mas é refrescante - sim, essa é a palavra - saber que nesse mundo de Meu Deus ainda existem histórias de amor tão lindas!

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  2. Eu conheci o Sr. T e ele me pareceu um homem inteligente e delicado. Naquele momento, enquanto trabálhavamos em nossos temas profissionais, ele se ocupava maravilhosamente bem de Mariazinha. Um pai como ele foi, demonstra a delicadeza de sua alma. Tenho certeza que ela, com 5 anos, jamais esquecerá a figura de seu super companheirão. Penso nele como um homem singular, diferente, especial. Bjs.

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  3. Lucia,

    O problema dos estereótipos de pessoas e relacionamentos é que sempre buscamos coisas complexas e irrealizáveis. A beleza do relacionamento está na simplicidade e com ela podemos encontrar a felicidade. Homens e mulheres que buscam dinheiro, sucesso e poder nos seus relacionamentos vão sempre se decepcionar. Agora, quem só quer um colchão (para não ralar os joelhos) e um cafuné, vai encontrar a felicidade. Adorei o seu comentário!

    Beijos

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  4. Thelma,

    Você acertou em cheio, ele era exatamente como você o descreveu. Para ver esse lado do Sr. T, era preciso ser um bom leitor de almas e enxergar muito além das aparências.

    Beijos

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