quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Meu highlander

Quando nos acostumamos com os problemas de saúde, a nossa percepção da gravidade das doenças fica alterada. Meu pai era um caso perdido, vivia entrando e saindo dos hospitais pelos mais diversos motivos. Ele era cardíaco, tinha três pontes safenas e vivia como se nada de diferente tivesse acontecido. Ele era tão bem disposto e rosado, que nós dizíamos que ele parecia um bebê Johnson. Subia em telhados, cortava os dedos em máquinas de serrar, despencava do alto das escadas, enfim, correr para o hospital com ele tornou-se um modo de vida. Até estrangulamento peniano, coisa da qual eu nunca tinha ouvido falar, ele conseguiu ter! As idas e vindas nas salas de emergência criaram uma falsa sensação de imortalidade para mim. Não importava o que ele tivesse, eu sempre tinha a sensação de que ele iria se safar e ficar melhor do que antes. Quando ele morreu, eu fiquei atarantada porque o meu highlander não tinha conseguido vencer mais uma batalha. No caso do Sr. T, foi pior ainda porque ele nunca tinha ficado seriamente doente. Nos nossos oito anos de convivência, ele esteve no hospital três vezes: duas por causa dos rins e uma por causa de uma pneumonia. Ou seja, nada grave ou assustador e se ele não podia ser comparado com um bebê Johnson, seria correto dizer que ele parecia um guerrilheiro forte e saudável que usava óculos de soldador como óculos escuros. Por aí já dá para notar a diferença!

2 comentários:

  1. Hoje você conseguiu deixar meu coração apertado ao definir tão bem nossos heróis.Beijos

    ResponderExcluir
  2. Pois é, mâmi, não exagerei nem um pouquinho!

    Beijos

    ResponderExcluir