quinta-feira, 26 de agosto de 2010

O maníaco da lanterna

Há alguns anos o Sr. T trabalhava para um grande projeto de inclusão digital do Governo Federal, o que o obrigava a viajar constantemente para Natal. Ele costumava voltar à noite e sempre reclamava que enxergava pouco por causa dos farois dos outros carros. Na verdade, o Sr. T tinha catarata que foi diagnosticada mais tarde. Enquanto ele não ia ao oftalmologista, continuava acreditando que tinha apenas uma sensibilidade aos farois. Certa noite, ele me liga avisando que ia demorar porque as luzes de um caminhão tinham deixado ele momentaneamente cego e o carro caiu dentro de um buraco na estrada. Pergunto se ele está bem e ele responde: - Está tudo certo, foi só o carro que quebrou a suspensão. Já estou chegando. Carro quebrado, a solução foi ligar para o seguro enviar o reboque. Horas depois, o Sr. T chega em casa todo estropiado, com os braços e o rosto arranhados e mancando. - Você não disse que não tinha se machucado? perguntei espantada, já imaginando que o Sr. T tinha mentido para não me deixar preocupada. Fazendo caretas de dor, ele responde: - E não tinha! Eu precisei olhar a placa do carro no escuro para chamar o seguro, escorreguei no barranco e rolei quase dez metros barranco abaixo! Estou todo cheio de espinhos... Fala sério, o sujeito escapa de um acidente de carro e se arrebenta todo ao cair no barranco, não parece uma piada? No dia seguinte, o Sr. T foi ao mercado de bugigangas da cidade e chegou em casa com um monte de lanternas. Ele fez questão de colocar uma no porta luvas do meu carro, outra na gaveta da cozinha, outra no armário e ainda distribuiu uma para cada pessoa da casa. E olha que eu não estou exagerando...

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