domingo, 20 de março de 2011

A sopa

D. Maricota é uma criança magrinha que não gosta de comer, nem mesmo bobagens. O Sr. T tinha uma grande preocupação com isso ao ponto de pesar a menina sempre que passávamos perto de uma balança. Para amenizar o problema, ele resolveu cozinhar sopas com tantos ingredientes dentro que a panela parecia um caldeirão de feitiços de um bruxo maluco. O sopão levava tudo que alguém poderia imaginar: legumes (os que combinavam e os que não tinham nada a ver), carnes, massas, verduras... Ele colocava tudo na panela de pressão e depois batia no liquidificador. D. Maricota comia tanto que ficava com a barriguinha estufada. Ela sempre me pedia para fazer a tal sopa e eu ficava embromando, mas ontem não tive escapatória. Fui para a cozinha e fiz uma sopinha de legumes, sem carne, sem legumes, rala e sem graça...É claro que D. Maricota comeu apenas algumas colheradas e concluiu que a minha sopa estava muito longe de ser saborosa como a do Sr. T. Fiquei meio desanimada, mas pensei o quanto cada um de nós tem coisas especiais. Sabe aquela história de que ninguém é insubstituível? É uma mentira deslavada das grandes corporações para justificar que todos os empregados podem ser trocados e que a empresa não para porque alguém não está mais ali. Sim, as pessoas são únicas, mesmo que o mundo continue girando e as pessoas vivendo. Em algum lugar, alguém sentirá a falta de alguma coisa, pode ser um sorriso, uma palavra, uma música ou mesmo algo tão simples quanto uma sopa!

Nenhum comentário:

Postar um comentário