sábado, 14 de julho de 2012

Notas sobre um webromance: o primeiro passo

Eu queria dizer que tive muitas dúvidas, que eu não sabia, que a vida me pegou de surpresa. Mas não é verdade. Eu sempre soube. Desde o primeiro instante, eu soube. Durante um certo tempo, existiu apenas a expectativa, curiosidade e vontade de ficar junto. O Sr. L sabia e me dizia o que sentia. Eu não. Sou econômica nos gestos e nas palavras. O que eu sinto só me diz respeito. Acho que é uma espécie de avareza em revelar os sentimentos, mas nas interações virtuais, é preciso que alguém dê o primeiro passo. O sentimento não pode ficar preso na garganta, contido nos gestos ou presente apenas nos olhares. Não existe a possibilidade de fazer uma leitura corporal, então, é necessário que o amor se revele. Mesmo sabendo disso, eu não poderia dizer nada porque não tinha clareza do que sentia. Eu queria a proteção da distância, a segurança das impossibilidades, as lacunas da alma. Mas nós não conduzimos a nossa vida independente dos outros (felizmente ou infelizmente?)... Apesar de estar presa nas minhas certezas, acorrentada nos meus medos e impossibilidades, tive que ler e encarar a revelação do Sr. L.

- Te amo muito. Eu precisava dizer isso a você. Fiquei travando por achar que você acharia cedo, mas é o que eu sinto. #prontofalei

Caploft! Louco, maníaco, pirado! Como ele pode dizer isso assim? Levantei, dei voltas pela sala, fechei o computador, abri de novo, dei gargalhadas, tremi, li e não acreditei. Mas ele continuou dizendo... Algumas semanas depois, eu perguntei se ele não ficava magoado porque eu nunca dizia a mesma coisa. Ele respondeu como se eu fosse acessível ao olhar dos outros, como se fosse fácil me ler como um mapa... Foi neste momento que eu soube o que sentia desde o começo.

- Você já me ama... só resiste a isso!

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