domingo, 8 de julho de 2012

Notas sobre um webromance: um certo capitão Rodrigo...

O tempo e o vento é um dos meus livros favoritos, especialmente a história de Rodrigo Cambará. Sempre tive a impressão de que as aventuras de Rodrigo eram apenas uma pano de fundo para contar a história do seu amor por Bibiana Terra. Na minha opinião, a grande ousadia de Veríssimo é construir um herói com tantos defeitos que parece quase impossível que ele possa nos fascinar tanto. Rodrigo não chega a ser um anti-herói porque apesar dos seus inúmeros defeitos, ele carrega as qualidades de um herói: é bravo, corajoso, destemido e morre lutando pelo que acredita. As suas virtudes não superam os seus defeitos, mas torcemos por ele porque nas suas fragilidades, se revela o humano. Rodrigo poderia ser qualquer um de nós. Quando eu conheci o Sr. L, foi impossível não lembrar de Rodrigo Cambará. Os extremos dos defeitos e virtudes, a intensidade diante da vida e a disposição de não viver muito, desde que tudo o que foi vivido valesse a pena, eram muito semelhantes. O Sr. L sempre foi rebelde, indomável, tosco, luminoso, confuso, forte, impulsivo, egocêntrico e intenso. Um verdadeiro tsunami de emoções conflitantes no qual as chances de sobrevivência pareciam mínimas. No histórico do Sr. L, constavam relacionamentos com mulheres cujo temperamento variava entre a neutralidade e a aniquilação. Qualquer coisa diferente disso, poderia ser o prenúncio do caos. Eu sempre busquei a perfeição nas pessoas. Se as pessoas não se enquadrassem dentro de determinados critérios (que valiam tantos para os outros quanto para mim), eu simplesmente não conseguia estabelecer uma relação mais estreita. Sempre fui dura e inflexível, com os outros e comigo. Não preciso dizer que isso me tornou uma pessoa bastante infeliz. O Sr. T me mostrou que as imperfeições são humanas e que amar somente o que é perfeito, não é sinal de integridade. A generosidade está em compreender e aceitar as imperfeições de todas as pessoas que fazem parte da nossa vida. É preciso relativizar as fraquezas do outro para expurgar os nossos próprios defeitos e superar as nossas limitações. Não foi um aprendizado fácil, mas foi libertador. Com o Sr. L, eu pude entender o que significa estar livre para amar alguém sem pré-requisitos, sem amarras e sem condições para o futuro. Ao abandonar as minhas condições prévias, eu pude olhar o que realmente importava: o amor imenso que cabia em um coração generoso.

4 comentários:

  1. Adorei o Webromance e como já está na trilogia não poderia deixar de comentar.(Quase um post-risos)
    Na trilogia do webromance analiso um canal visível que denomino sublime sem pré-requisito para entrar e se revelar entre seus verdadeiros EUs internos, e por que não monstros internos? Nos nossos EUs temos personalidades fortes para acobertar tudo que é perfeito e apagar sem remorsos o que é imperfeito. Somos declaradamente preconceituosos e nada percebemos além de nosso próprio nariz. Bom, até aí existe tempo e formas para aprendermos a reconhecer e tentar mudar isso dentro de nós mesmos, pois não sendo perfeitos não deveríamos cobrar perfeição de outros, o que não acontece na prática e, de forma muito natural. Penso que, o que nos ajuda a sinalizar e sair do escuro de nossas duras e decididas concepções é o AMOR, somente ele é capaz de tirar a trave fechada de nossos olhos, mesmo que esta trave signifique para o outro, ou até para nós mesmos o momento de deixá-lo seguir com suas convicções ou quem sabe "pirações”. A diferença que percebo na linda trilogia, é que tudo se tornou mais fácil e compreensível porque ambos mudaram suas concepções na forma de cuidar, amar, desejar, lutar, olhar e sinalizar seus desejos ocultos e por que não irreconhecíveis atos jamais praticados? E por que me atrevo a analisar essa sequência? Percebo nas palavras dos três posts uma relação de silogismos nas afirmações que me levou a compreender que: tudo que era duro, imutável, inflexível e quem sabe imperdoável (dependendo do ponto de vista) passou a ser líquido ou como explicaria as luzes superiores: fluídico em toda sua dimensão. O sentimento sendo fluídico (leve, sutil, acolhedor e fortalecedor) em sua totalidade supera os desafios tão comuns em relacionamentos entre os pares; mas que é desafiador em cada EU alimentado (monstros como inquietação, incertezas, medos, etc). As amarras que alimentamos são as mesmas que não nos deixam seguir em frente, e mesmo sendo tão lógica a conclusão sobre essas famosas amarras, temos dificuldades em conseguir visualizar que trave específica interrompeu essa tamanha felicidade. Se quiséssemos manter uma faixa vibratória positiva dentro de nós ,constantemente, seria possível delimitar o que faz bem e é pré-requisito para AMAR de VERDADE. As rupturas de laços terrenos e ligação de liames como desencontros e reencontros entre pessoas afins, só constata que o ACASO não existe. Não se encontrar em determinado momento, geração ou época é prova viva de que o reencontro aconteceria de alguma forma. Como afirmaria Paulo Coelho-MAKTUB! Todo reencontro tem um sentido e não exige pré-requisitos como os que nossa sociedade determina, preconceituosamente, como: idade, corpo perfeito, maturidade (passou da faixa etária não podem amar/entendem assim), beleza escultural ou exemplar em todo o contexto(físico, biológico, psicológico, social). A sociedade detém seu "poder" social, mas nós ainda somos donos de nossas escolhas ou como costumo falar: Livre arbítrio em nossas decisões. Acredito que para AMAR o peso maior está no sentimento em si; e não em que ele poderá ou não doar ou representar socialmente, por exemplo. Amar é aceitar a leveza sublime como verdadeiro bálsamo fortalecedor e que nos impede de uma prática desleal com quem amamos. É o amor que permite os reencontros de sentimentos impulsivos dentro de nós e que antes poderíamos até ignorar, mas que se nivelaram entre tempo, espaço, distância, encontros, desencontros e reencontros. Em minha conclusão a trilogia confirma, entre algumas nuances que são cúmplices e atores de um amor que é possível ser bem alimentado com uma convivência harmoniosa, que suscite paz de espírito e que os seus EUs monstros possam ser eliminados por essa ação fluídica que ornam intimamente seus atos em si; se essa eliminação não ocorrer, correm o risco da trave no olho(de um dos)ser a causa primária de incompreensões sem razões nem porquês, já que suas imperfeições internas, não se permitiu atingir o nível salutar dessa mais bela essência sublime chamada, AMOR.

    ResponderExcluir
  2. Olá,
    acabei de fazer o filme "O Tempo e o Vento", adorei sua leiura do Cap. Rodrigo, mas acho que a Bibiana amava mais a lembrança dele, afinal ela que conta a história, e o tempo ajuda a amenizar o dia a dia de um casamento.
    abs
    Jussara

    ResponderExcluir
  3. Jussara,
    É verdade, a lembrança de Bibiana não exclui os aspectos negativos da sua convivência com Rodrigo, mas mostram que ela realmente o amava apesar de tudo.

    Abraços,

    Ana

    ResponderExcluir
  4. Josi,

    Essa é a minha luta constante: transformar as amarras, a dureza e a inflexibilidade do coração em um movimento repleto de fluidez e, talvez, conseguir ser feliz.

    Beijos,

    Ana

    ResponderExcluir